Quem lê / Who's reading

sábado, 30 de junho de 2012

Ser rico / Being rich

"Eles são tão pobres, tudo o que têm é dinheiro"

Alguém disse que "A democracia é um dos sistemas mais terríveis da política. Mas ainda ninguém inventou um melhor." Creio que algo muito semelhante pode ser dito sobre o dinheiro. É um mal necessário, precisamos dele para comprar as coisas básicas. Mas é também um mal que desejamos, porque nos permite comprar outras coisas que, mesmo não sendo básicas, nos fazem bem: um jantar fora, um livro, um bilhete para um concerto, uma viagem, um anel, uma entrada numa exposição, uma peça de roupa nova...

O dinheiro é talvez um "vil metal", mas poucos - nesta categoria me incluo, confesso - estariam dispostos a abdicar dele. 

Quando era pequenina, ofereceram-me um mealheiro. Para ajudar na aprendizagem da poupança. Punha lá as moedinhas que me davam, e com elas comprava aquela coisa que queria muito. 

Mas fui mantendo um outro mealheiro. Não é muito grande, nem muito pequeno. É do tamanho certo, para lá guardar tudo o mais que preciso na vida.

Lá guardo a minha família, as amizades - as verdadeiras e a aprendizagem recebida das menos - os amores - quem amei, quem me amou também, quem não estava no meu destino - os beijos e os abraços, os momentos memoráveis, os momentos em que a vida me desafiou, os momentos que na altura não compreendi o porquê, os momentos em que tudo estava certo. 

Quando preciso, parto o mealheiro, e de entre tudo o que lá guardo, há mãos que se estendem. E o mealheiro volta a fechar-se, como que milagrosamente, continuando com o tamanho certo.

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"They are so poor, all they have is money!"


Someone once said "Democracy is one of the most terrible systems in politics. But no one has yet invented a better one." I think something very similar can be said abou money. It is a  necessary evil, we need it to buy the basics. But it's also an evil we desire, because it allows us to buy other things wich, in spite of not being basic, make us feel good: a dinner out, a book, a ticket to a concert, a trip, a ring, a ticket to an exibhition, some new clothes...

Money may be a "vil metal", but few - myself included, I confess - would be willing to let it go. 

When I was a little girl, I was offered a piggybank. To help learning how to save. I would put the little coins in there, and with them I would buy that something I really wanted. 

But I also kept another piggybank. It's not very big, nor too small. It's the right size, so that I can keep there all else I need in life.

In there I keep my family, my friendships - the true ones and what I've learned from the others - the love - who I've loved, who loved me back, who was not in my destiny - the kisses and the hugs, the memorable moments, the moments life's challenged me, the moments when I didn't understand why, the moments when everything was right.

When I need it, I break the piggybank, and from all that is there, there are hand who reach out. And the piggy bank closes again, as if by a miracle, still with the right size.

sábado, 16 de junho de 2012

O melhor amigo do Homem / Man’s best friend

Imagem da web
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Há algumas semanas, li uma reportagem bastante interessante sobre os cães. Aprendi uma série de factos curiosos sobre estes animais, como, por exemplo, o facto de conseguirem memorizar até 200 palavras.

Mas o que me chamou mais a atenção, foi uma outra curiosidade: os cães são os únicos animais que olham os humanos nos olhos. Os outros animais evitam o contacto directo com os olhos.

E apesar de nunca ter pensado nisso, parece-me que realmente é verdade. Talvez essa seja uma das razões que me faz gostar tanto de cães. Outra é a sua personalidade.

Já tive cães – os meus pais tiveram – e todos eles demonstraram uma personalidade própria.

O meu primeiro cão, o Pluto, tinha quase a minha idade, por isso não tenho recordações dele enquanto cachorro. Já na sua plena idade adulta – e na minha infância – era um cão temperamental, que para além dos donos, poucas pessoas deixava aproximar. Um enorme pastor alemão, ou pelo menos enorme parecia a uma miúda de sete anos. Um cão que gostava de se manter no seu espaço e que não gostava muito que o convidassem a brincar. Quando envelheceu, deu-se uma mudança, tornou-se mais afável e pedia-me muitas vezes festas.

Também ele me lembra dos seres humanos, quantas pessoas não conhecemos que perdem um pouco da sua dureza quando a idade começa a avançar sobre si…?

Depois, chegou o Black. Pude seguir a sua fase de cachorro, os momentos em que ia descobrindo o que o rodeava. Era um animal muito meigo e também muito perspicaz, se assim o posso dizer. Adorava brincar, mas quando percebia que eu estava triste e que precisava estar um pouco com o meu silêncio, vinha apenas deitar-se ao pé de mim, e ficava ali, a fazer-me companhia, pacientemente, até que eu decidisse levantar-me. Da mesma forma, também ele tinha momentos assim, em que eu o chamava para uma corrida e ele apenas me olhava, permanecendo deitado, com os seus pensamentos. Deixava-me também aproximar, ficar ali um pouco a fazer-lhe companhia, mas aqueles eram momentos seus. Quando ficou doente, anos depois, deixava-me passar as mãos pelo seu dorso, enquanto me ouvia a tentar animá-lo. Mas quando olhava para mim, eu via nos seus olhos que ele sabia, tanto como eu, que o que eu dizia escondia palavras de saudades antecipadas. Não o esqueci, mesmo depois de a tristeza se diluir um pouco.

Mais tarde, e quase ao mesmo tempo, conheci o Duque e o Jimbo, dois cachorros já com uma personalidade diferente nessa altura, quase antagónica, mas que não os impediu de se darem sempre bem.

O Jimbo era meio desajeitado em cachorro, com enormes patas, gostava de correr e de saltar. No meio de uma brincadeira, magoou uma pata e a sua expressão de aflição era angustiante. Aninhei-o no meu colo até a dor passar, e logo voltou a correr, como se nada tivesse acontecido. Enquanto crescia, mostrou-se sempre muito meigo, mas meio metido consigo. Quando se cansava de correr e saltar, ia para o seu cantinho. Um pouco contrastando com o Duque, verdadeiro “piolho eléctrico”, sempre a chamar toda a gente para brincar com ele. Apesar de se dar bem com o seu amigo, costumava “choramingar” quando achava que alguém lhe estava a dar atenção demais, e que agora era a sua vez de brincar. Eram ciúmes de amigos, amigos tanto eram, que partiram quase ao mesmo tempo...

Partiram todos os meus amigos de quatro patas, ficaram as memórias do seu companheirismo, do seu carinho incondicional, daquele que é tão difícil de encontrar. Ficaram saudades…

………..

A few weeks ago, I read a very interesting story about dogs. I’ve learned quite a few curious things about these animals, for example, the fact that they can store up to 200 words.

But what caught my attention the most, was another curiosity: dogs are the only animals that look directly at the human eye. The other animals avoid direct contact with our eyes.

And though I he never thought of that, it seems to me that it really is true. Perhaps this is one of the reasons that makes me so fond of dogs. Another is their personality.
I've had dogs - my parents had - and they all showed personality.

My first dog, Pluto, was almost my age, so I have no memories of him as a puppy. Already in its full adulthood - and in my childhood - it was a moody dog, who allowed few people near him, besides the owners. A huge German Shepherd, or at least it seemed huge to a little seven year old girl. A dog who liked to stay in his space and did not like much to be invited to play. When he grew old, there has been a change, he became more friendly and often asked me to pet him.

This also reminds me of human beings, who does not know those people who loose some of its hardness when age begins to advance on them...?

Then came Black. I could follow his young puppy phase, the moments he discovered that which surrounded him. He was a very gentle animal and also very insightful, if I may say so. He loved playing, but when he realized that I was sad and needed to be a bit by my silence, he would came and just lie down beside me, keeping me company, patiently, until I decided to get up. Likewise, he also had moments like this, when I called him to a race and he just looked at me, staying there, with his thoughts. He would let me get close, stay there a little to keep him company, but those moments were his. When he became ill, years later, we would let me pass my hands over his back, as I spoke to him, trying to cheer him up. But when he looked at me, I saw in his eyes that he knew, as I did, that what I said had hidden words of anticipated longing. I didn’t forget him, even after the sadness was a little diluted.

Later, and almost at the same time, I met Duke and Jimbo, two puppys, already with a different personality at the time, almost antagonistic. Not that this stoped them to always get along.

Jimbo was an awkward puppy with huge paws, who liked running and jumping. In the middle of a run, he hurted it’s paw and its expression of grief was overwhelming. I cradled him in my lap until the pain went away, and soon he returned to playing, as if nothing had happened. While growing up, he was always very gentle, but kind of keeping to himself. When he was tired of running and jumping with us, he went to his corner. Somewhat in contrast with Duke, a truly "electric lice," always calling everyone to play with him. Although getting along with his friend, he used to "whine" when he thought someone was giving him too much attention, and that now it was his turn to play. It was friendly jealous, there was so much friendship between them, that they left at about the same time...

They left, all my four legged friends, but the memories of their friendship remain, of their unconditional love, the one so hard to find. I do miss them...

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Esperança / Hope

Imagem da Web

Existem acontecimentos que, tantas vezes, me lembram de como a vida tem o seu lado triste, que vão invadindo com um pouco de amargo o lado de mim que teimo em não querer perder.
Mas, felizmente, ainda consigo olhar o Mundo e encontrar detalhes que alimentam a minha fé em Nós.
De um deles, falei recentemente, a infância. As crianças são, sem dúvida, “um sinal de que Deus ainda não perdeu a esperança na humanidade”.
E hoje, apetece-me antes falar do amor. O Amor, mas não o conceito infinito.
Lembrei-me do que sinto quando vejo um casal de idosos numa pastelaria, ela a servir-lhe o chá, ele a cortar um pedaço maior do bolo para lhe dar. Ou a passear no jardim, com os braços enlaçados, mãos nas mãos de forma discreta.
A alegria de uma criança ajuda-me a manter a fé no amanhã. Estes pequenos momentos de carinho resistente que observo, trazem outro sentimento.
Fazem-me sentir um aconchego de saber que, para lá do que a pele sente e pede, fica o olhar que se deteve noutro.
Que há coisas boas que não se perdem.

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Some events, so many times, remind me about the sad side of life, they bring some more biterness to that part of me I keep insisting on not loosing.
But, fortunately, I can still look at the world and find small things that maintain my faith in Us.
One of those, I talked about it recently, childhood. Children are, definitely, “a sign that God has not lost hope in mankind.”
And today, I feel like talking about love. Love, but not the infinite concept of it.
I remembered how I feel when I see a couple of elderly in a bakery, she pouring him tea, he cutting a bigger slice of cake for her. Or waking in the garden, with their arms entwined, hands in hands, discretely.
A child’s joy helps me keep faith in tomorrow. This small moments of durable tender, bring along another feeling.
They make me feel cosy to know that, beyond what the skin feels and asks for, two eyes remain, held in each other.
That some good things don’t get lost.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Dia da criança / Children's Day

Dia da criança. Dia das crianças de hoje.  Mas também pode ser das crianças que fomos? Permitem-me que faça uma pequena viagem ao passado? Acompanham-me?
Neste pequeno acesso de saudosismo tive vontade de recordar não exactamente momentos da minha infância, mas sim de vos mostrar algumas das minhas memórias das coisas de que gostava.
A primeira memória é de uma música, o genérico de um programa de televisão: “vamos fazer amigos entre os animais, que amigos destes não são demais na vida”. Foi esta a primeira música que me surgiu quando quis evocar músicas da minha infância, seguida de “ La vie, la vie”, genérico original de “Era uma vez a vida” Uma série pedagógica, mas não menos lúdica por isso, sobre o corpo humano, sobre a vida. As bactérias e virús eram vilões, combatidos pelos heróis glóbulos brancos, que andavam acompanhados pelos vermelhos, todos comandados por um simpático avô de barbas brancas. Era também uma série sobre os bons e os maus e,  ao jeito das séries para crianças, os bons acabavam por ganhar.
Uma outra série me marcou, e confesso que não me lembrava do nome (David, o gnomo), embora me lembre muito vividamente dos personagens. Lembro-me dos chapéus pontiagudos dos gnomos de faces rosadas, que viajavam nas asas dos gansos. E mais uma vez, os vilões: os trolls, de nariz batatudo e com um ar triste, como só o poderiam ter os vilões.
E ainda “O pequeno pónei”. Para além da TV, este foi um dos dois brinquedos “em massa”, que tive, este e um Topo Gigio, que me olhava por cima da cabeceira da cama. Passei meses a pedir um “pequeno pónei” aos meus pais. E, no Natal, num dos embrulhos que investigava sem nunca abrir antes da hora, lá estava. Um pequeno pónei, com crinas coloridas, uma cauda comprida, uma pequena escovinha para as pentear e ganchinhos, um deles em forma de borboleta cor-de-rosa. Ainda os guardo, o meu pequeno pónei e o irresístivel Topo Gigio, guardo-os no sótão da minha casa, da casa onde fui criança.
E se hoje não consigo escolher um livro favorito, quando era criança sabia qual era:  “A fada Oriana”.  A fada Oriana era vaidosa, e por causa disso, um dia perdeu as asas. Como fica triste, uma fada que perde as asas… Mas precisava de as perder, para crescer. Precisava lembrar-se de quem era, uma fada boa, para recuperar as asas.
Com a lembrança da história de Sophia, deixo um sorriso a todas as crianças. Um maior aos meus sobrinhos e sobrinhas “emprestados”. 

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E para recordar,  não resisto a transcrever o início d' A fada Oriana:
 duas espécies de fadas:  as fadas boas e as fadas más. As fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más. As fadas boas regam as flores com orvalho, acendem o lume dos velhos, seguram pelo bibe as crianças que vão cair ao rio, encantam os jardins, dançam no ar, inventam sonhos e,  à  noite, põem moedas de oiro dentro dos sapatos dos pobres. As fadas más fazem secar as fontes, apagam a fogueira dos pastores, rasgam a roupa que está ao sol  a secar,  desencantam os jardins, arreliam as crianças, atormentam os animais e roubam o dinheiro dos pobres. Quando uma fada boa vê uma árvore morta, com os ramos secos e sem folhas, toca-lhe com a sua varinha de condão e no mesmo instante a árvore cobre-se de folhas,  de flores, de frutos e de pássaros a cantar. Quando uma fada     uma  árvore  cheia  de  folhas,  de  flores, de frutos e de pássaros a cantar, toca-lhe com a sua varinha mágica do mau fado, e no mesmo instante um vento gelado arranca as folhas, os frutos apodrecem, as flores murcham e os pássaros caem mortos no chão.
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Children's day. Of today's children.  But maybe it can be of the children we were?  Will you allow me to make a trip to the past? Will you come with me?
Going through memory lane, I've wanted to to recall, not moments of my childhood, but, more excatly, show you some of the memories of the things I enjoyed. 
My first memory is that of a song, the opening of a TV show: “vamos fazer amigos entre os animais, que amigos destes não são demais na vida”. This was the first song I though about when I called for musics of my childhood, followed by “  La vie, la vie ”, original song of the series with the same name. A pedagogical series, but not less entertaining because of it, about the human body, about life. The viruses and bacterias were vilans, fought by the heroes, the whithe blood cells, acompained by the  red blood cells, all headed by a nice grandpa with a white beard. This was also a show about the good and the evil, and, like in all children shows, the good guys ended up winning. 
There's another series I remeber dearly (David, o gnomo), and, though I must confess I didn't remember it's name, I remember the characters very well. I remember the pointy hats of the pinky faces gnomes, who traveled in the wings of goose. And once again, the vilans: the trolls, witha funny nose and a sad look, a look that only vilains could have.
And  also "The little pony." Apart from TV, this was one of two "mass" toys I had , this one and Topo Gigio, wich  looked at me over the headboard. I spent months asking for a "little pony" to my parents. And at Christmas, this was one of the presents I investigated without ever opening it. And on Christmas  Night there it was.  A little pony, with colourfull horsehair,  a long tail, a small brush for styling and hooks, one pink butterfly-shaped. I still  keep them, my little pony and Topo Gigio, I keep them in the attic of my house, the house where I was a child.
And if today we can not pick a favorite book as a child, I knew what it was: "A fada Oriana." The fairy Oriana was vain, and because of that, one day she lost her wings. How sad, a fairy loses its wings ... But she needed to lose them, in order to grow up. SheI needed to remember who she was, a good fairy, to recover her  wings.
With the memory of the story of Sophia, I’m leaving a smile to all children.  A big one to  my "borrowed"nephews and nieces.

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I can not resist transcribing the beginning of the story “A fada Oriana”:
There are two kinds of fairies, good fairies and bad fairies. The good fairies do good things and bad fairies do bad things. The good fairies water the flowers with dew, light the fire of old men, hold the children going down the river, enchante the gardens, dance in the air, make up dreams at night, put gold coins in the shoes of the poor . The bad fairies dry up the fountains, put off the campfire of the shepherds, tear off the clothes which dry in the sun, disenchant the gardens, tease children, torment animals and steal the money of the poor. When a good fairy see sa dead tree with no leaves and twigs,  she touches it with her your magic wand and instantly the tree is covered with leaves, flowers, fruits and birds singing. When an evil fairy  sees a tree full of leaves, flowers, fruits and birds singing,  she touches it with his wand of bad fate, and at once an icy wind ripped the leaves, fruit rots, the flowers wither and the birds fall dead on the floor.
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